Me *-*

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Perdoe a falta de abrigo...




Quando terminei de falar, senti foi a dentada da tristeza em meu peito.
Eu fui andando, andando, quase olhei pra trás e pedi que desconsiderasse aquilo tudo.
Mas não dava pra desmanchar aquele ponto final.
Não se remove um "adeus" com um "esqueça tudo que eu disse".
É que eu pensava que nem ia doer.
E foi com meu coração disparado que apressei o passo e ganhei estrada.
Eu respirava fundo chamando a tranqüilidade de volta.
Mas ela não veio.
Enquanto me afastava, pensei que eu tava indo embora de tudo nela.
E sei que fiquei como um ranço, 
algo que lateja até que se perdoe.
Era ela aprisionado na lembrança do que eu havia sido.
Só tive paz mesmo, quando o meu coração desmanchou o hematoma da saudade num choro compulsivo, no colo da melhor amiga.
Porque nem calma eu tinha pra ajudar. A carne sempre fraca pra afagar, acabava indo mais longe e tudo voltava ao antigamente.
Aí eu tive que ficar quieto no meu canto, todo lacerado pela falta.
Foi um período solitário em que vivi o luto necessário.
Ela nem desconfiou que eu também estava triste, talvez se sentisse melhor se soubesse.
Mas eu tinha que fazer valer minha palavra,
demorei muito tempo tomando coragem.
Demorei muito tempo desparafusando aquela gaiola e, depois, reaprendendo a voar.
Tive ímpetos de escrever uma carta falando das qualidades dela, de tudo que havia me feito crescer.
Mas quando fui escrever só consegui dizer: Desculpe, não se pode negociar com a paixão.
Porque eu também não entendo às vezes esses caminhos que a vida tece.
E nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa.
Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.

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