Me *-*

Me *-*
Me *-*

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Abismo -








Eu estava caindo num abismo sem fim. Preferi encostar-me aos muros, mesmo sabendo que me machucaria, para procurar pelo menos um galho que me segurasse. Nunca tive alma de suicida. Não tenho o dom de apreciar a dor. Se chamam isso de covardia, pois sim, eu sou um covarde dos maiores. Fujo do sofrimento até sem pernas.
Depois de cair tanto, achei um galho pequeno que me carregou pela camisa rasgada. Para maior segurança, segurei-o com minhas mãos sem perceber que nele havia muitos espinhos. Cortei-me. Senti a dor aguda de pontas perfurando minha pele, mas aquela era mais fácil de aguentar. É sempre mais fácil aguentar uma dor que você sabe que terá fim que aguentar algo provavelmente infinito. A ideia de sofrimento eterno me assusta.
O problema é que o pequeno galho me foi roubado por mãos amigas. Voltei a cair. Voltei a bater-me contra as paredes rochosas. Voltei a não saber quando seria o fim. Não há mais galhos. Não há mais saída. Não há chão pra me quebrar de uma vez. Embaixo há um escuro interminável. Em cima há pedras caindo ferozmente. Elas se chocam contra mim Ininterruptamente. Não há mais nada a se fazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário