Sua cabeça pesava de uma forma cômoda em minhas pernas. Minhas mãos passeavam pelo seu cabelo macio e o quarto frio me fazia aproximar meus pés gelados de seu corpo quente. Atrás das cortinas velhas e finas, o sol se escondia, tornando aquele lugar escuro. As horas passavam preguiçosas, permitindo-nos aproveitar nosso momento.
— Por que você ainda não foi embora? — você disse, despertando-me de meus pensamentos.
— Você quer que eu vá? — perguntei, selando seus lábios.
— Não… — você hesitou. — Eu só queria saber o motivo. Você sempre vai embora cedo. Nunca passa mais que o seu tempo necessário comigo.
— Meu tempo necessário?
— Traduzindo: tempo de sexo.
Eu ri de sua cara boba, mas continuei sendo encarada com seriedade, o que me fez ficar desconsertada.
— Eu quis ficar um pouco mais hoje — sussurrei, deitando-me ao seu lado.
— Por quê?
— Por que diabos você pergunta tanto?
— Porque quero saber, oras.
— Não precisa de tanta explicação. Eu estou aqui, não estou? Deixa tudo como está.
Você me encarou com irritação, fechou a cara e virou de costas.
— Ei… — sorri, aproximando meus lábios de seu pescoço. — Para, meu — pedi, enquanto você tentava, inutilmente, tirar-me de perto. — Para de se irritar com tão pouco.
— Não é “tão pouco”. Eu quero conseguir entender você.
— E por que não deixar as coisas subentendidas?
— Você me ama?
— Que pergunta é essa? — Meus olhos arregalaram.
— Simples e direta. Vai, responde!
— Você é assim. Eu não sou.
— Estou esperando…
— Eu estou aqui. Não é o suficiente?
— Isto é apenas presença. Apesar de ser bastante, teoricamente falando, preciso saber de sentimentos… Preciso de coisas internas.
— Eu estou apaixonada por você. E agora?
— Isso não é amor.
— Pra que diabos você quer saber isso?
— Porque eu te amo.
— Você o quê?
— Por que você não fica comigo pra sempre?
— Que besteira… Pra sempre não existe.
— Então você fica comigo até o tempo que existe?
— Eu te amo.
— Agora você me ama?
— Eu te amo pra sempre.
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