Parece-me bem verdade aquela velha e surrada história de destino. “Predestinado”, almas-gêmeas e tal. Um blá-blá-blá que tem sentido. Qual outra explicação eu teria para nós? “Nos encontramos e nos demos bem”? Sério, não é o suficiente. Não que eu ache que certas coisas venham de outras vidas… Acho que tudo é nessa, vem dessa e vai ser só essa, mas algumas coisas vieram ao mundo para dar certo e outras vieram para não dar! Por mais que tentemos, não dará. “Terra queimada não dá frutos”. Este sou eu, completamente queimada de amor… Um amor composto de cinzas, mas cinzas ainda apaixonadas, dadas, amolecidas, à espera de seu único fogo. Não terá chuva que me fará voltar ao que era antes… Sou um fenômeno químico… Ou me tornei, sei lá. Mas o conceito é o seguinte: a composição da matéria foi alterada. Sou resultado final e este se modificou a ponto de não ser mais possível voltar ao original. Hoje sou isso, se é que se pode chamar de “isso”. Mas, sério, eu, supostamente um papel, fui queimado… Agora não tem mais volta. Água não me fará voltar ao “normal”. Sendo assim, quer saber o que é melhor para mim? Continuar queimando… E é isso que eu quero… Quero queimar neste fogo até o tempo que me for permitido. Continuar com meu predestino, minha história surrada de amor. Tenho certeza de que esta é a única que me fará ser quem sou… E, acima de tudo, me fazer bem.
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